Eu tenho um blog, já tive outro, do conhecimento dos meus amigos, entretanto surgiu a vontade de ter um espaço fora da zona de conforto, onde pudesse falar com gente que não conheço e que não me conhece. A necessidade de ter um espaço assim é do conhecimento geral, é mais fácil escrever a verdade numa página do que verbalizá-la enquanto nos olham nos olhos. Também há coisas que não suportaria verbalizar a não ser num sítio onde não tenha que sofrer as consequências. Talvez...
Enfim, hoje em dia, com os blogs, o facebook e não sei quê a noção de privacidade esbate-se e todos podemos ter acesso à vida diária de pessoas que conhecemos e que não conhecemos, anonimamente. O que pode ser muito chato.
Acontece que a minha vida sofreu umas mudanças drásticas, graças a duas pessoas, uma delas muito importante para mim. Outra não. Já caí, já me levantei, já me questionei, já estive em negação, já comi o pão que o diabo amassou mas cá estamos, há todo um cliché envolvido que dificilmente importa para o que eu quero dizer... Bem, a vida segue em frente para todos, para mim talvez mais devagar. Deve ser por isso que eu teimo em fazer coisas que fazem de mim uma pessoa menor. Não é preciso ter mais que dois dedos de testa para descobrirmos o que se passa na vida das pessoas, principalmente se elas o escarrapacharem na internet. Já vi coisas que me viraram os estômago do avesso mas como nós gostamos é de ter pena de nós próprios voltamos lá sempre que podemos para mais uma sessão auto-flagelação.
Eu não tenho, claramente, uma visão isenta das coisas. Principalmente de pessoas que me metem asco e que conheço pouco e não sei que raio de satisfação mórbida me traz saber como funciona a cabeça dessas pessoas através do que escreve, do que
posta, do que comenta.
Não sei definir bem o que isto é, se é o meu ego a ripostar, se é o meu orgulho, se ainda não me desliguei disto, se estou maluca da cabeça, não sei. Sei que, dado o que tenho visto, caramba...
Será que quando nós encontramos a pessoa certa é quando começamos a publicar fotografias aos beijos e declamar o nosso amor juntamente com letras de canções e vídeos das nossas bandas preferidas? Será que é isso? Ou as pessoas podem passar uma relação inteira a fingir que são uma coisa e depois revelam-se quando encontrar um par igual?
Até que ponto a culpa é minha? Eu sempre fui honesta e igual a mim própria mas será que dei a oportunidade de deixar que o meu par pudesse ser ele próprio? Não acho que eu tenha sido essa pessoa, sempre fui a primeira a ceder em tudo... O que raio explica um comportamento destes?
Talvez isto seja tudo legítimo, talvez seja show-off. Quando é que chega o
turning point? Quem raio preciso eu de assassinar para recuperar o meu desprezo geral pelos outros? Ai as saudades que eu tenho de ser só eu e mais ninguém...