quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Momento “adoro o meu país”

Quando crescer quero ser... huuuum... pessoa que recebe subsídio de desemprego com direito a subsídio de almoço e deslocação porque até está a tentar tirar um curso aos 30 – olhem o esforço e o empenho! E sou da opinião que esse pacote deveria incluir também uma pistola carregada. Sem ressentimentos. Nem mensagem nas entrelinhas.

Sim, existe gente assim. Bichas solitárias da economia que não produzem, só comem, quais crianças de 10 anos (e há países onde crianças de 10 anos trabalham mais do que eu). Há quem possa trabalhar e não trabalha, passa o dia inteiro a ver televisão por cabo e não tem vergonha de o dizer. Eu tenho é vergonha de gente tão pequena de cabeça falar a mesma língua que eu.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ao menos acelera quando estou sozinha e em casa.

São três segundos de inépcia, três segundos distraídos e trinta milhões de cores que me percorrem o sangue dos pés à cabeça. Sinto-te nos olhos, na boca, no suor das pontas dos dedos. Quem vê de fora não diz nada. Eu deixo de ver por tua causa. As coisas desaceleram todas, menos dentro de mim e eu só penso: “fod****, fod****, fod****, fod****”, repetido até lhe anular o significado e se tornar num balbuciar sem sentido. É a metafísica de uma bigorna que não cai de lado nenhum, tão somente me aparece no pescoço no espaço de um segundo. “Pu** que pariu, acaba lá com essa mer**”. Não há sangue para arder em tantos sítios. Sais-me por todos os poros e é difícil de te esconder. Estamos quase no inverno, já não há calor para te justificar. Percebes?

Faz isso, faz o que te peço. Porque assim posso pôr a mão no peito, sentar-me na beira da cama e fechar os olhos enquanto me concentro numa forma de te abrandar.