A televisão está a matar as mulheres. Ou a sociedade que a televisão criou. As adolescentes fazem “o amor” desmesurada e abertamente desde os 16 anos, aos 18 estão a viver com o namorado, aos 20 a apanhar os cacos, aos 21 têm um filho, aos 24 voltaram aos 16, aos 26 têm dois filhos, aos 28 dormem com homens casados e aos 30 sinceramente nem sei. Eu não sei qual é benefício pessoal, qual é a liberdade individual de ser de toda a gente e de não ser de ninguém. Não sei qual é a vantagem de passar por cima do próximo, de seguir pelo caminho mais fácil, de ser egoísta, de perder a gentileza, a cordialidade, a amabilidade, a sensibilidade.
Houve, claramente, um erro de cálculo quando a televisão disse às mulheres que a emancipação era um acessório num pacote sexual. A Carrie Bradshaw trouxe-nos muitos pares de sapatos, amigas, copos de vinho solitários e muitos parceiros sexuais e disse-nos que esse sim, é o caminho. E se falarmos disso abertamente, sem complexos, durante as refeições, normalmente em tom jocoso, então aí alcançamos o absoluto esplendor da independência. E, bham, somos mulheres do séc. XXI. E eu tenho pena. Tenho imensa pena que tantas mulheres tenham alcançado coisas tão boas como ser livre para se estar com quem se quiser e isso se traduza num exercício de quantificação. Tenho imensa pena que possamos ser brilhantes naquilo que fazemos, mais que os homens, e isso signifique não ter que esperar três meses para ter uma Birkin no braço. E isso acontece só porque é mais fácil, porque é o que toda a gente faz e porque somos donas do nosso nariz.
Se não estivesse a jogar contra mim diria que nos deram um lápis e uma folha em branco e algumas de nós estão a utilizar o lápis para prender o cabelo. But I have issues…
*somos as maiores, porque é que insistimos em não nos levarmos a sério?
6 comentários:
Também me assusta este acelarar das emoções, da descoberta da individualidade, da pressa de fazerem tudo num dia, sem parar para pensar nas consequências... bjs
Às vezes deixas-me abismado (não encontrei termo melhor) com o que escreves!
Caramba!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Adorei o texto, é tão verdade. Temos todo o poder para fazer o que quisermos, mas se calhar o caminho a seguir não é do de ser cabeça oca.
E gosto do sexo e a cidade, mas sempre me perguntei se alguém perdeu tempo a contar o nº de parceiros sexuais que cada um teve... e se esse nº é suposto ser normal!
I'm glad you have issues. Que grande post - obrigado.
ADOREI O TEU ESPAÇO!! Descobri ao acaso, o nome intrigou-me, porque conheço uma musica que adoro com o mesmo titulo. Vou seguir!
Mas é que somos mesmo.
;)
E...
Há qualquer coisa sim.
Que bom.:)
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