quinta-feira, 18 de março de 2010

Facebook e merdas

Eu tenho um blog, já tive outro, do conhecimento dos meus amigos, entretanto surgiu a vontade de ter um espaço fora da zona de conforto, onde pudesse falar com gente que não conheço e que não me conhece. A necessidade de ter um espaço assim é do conhecimento geral, é mais fácil escrever a verdade numa página do que verbalizá-la enquanto nos olham nos olhos. Também há coisas que não suportaria verbalizar a não ser num sítio onde não tenha que sofrer as consequências. Talvez...
Enfim, hoje em dia, com os blogs, o facebook e não sei quê a noção de privacidade esbate-se e todos podemos ter acesso à vida diária de pessoas que conhecemos e que não conhecemos, anonimamente. O que pode ser muito chato.
Acontece que a minha vida sofreu umas mudanças drásticas, graças a duas pessoas, uma delas muito importante para mim. Outra não. Já caí, já me levantei, já me questionei, já estive em negação, já comi o pão que o diabo amassou mas cá estamos, há todo um cliché envolvido que dificilmente importa para o que eu quero dizer... Bem, a vida segue em frente para todos, para mim talvez mais devagar. Deve ser por isso que eu teimo em fazer coisas que fazem de mim uma pessoa menor. Não é preciso ter mais que dois dedos de testa para descobrirmos o que se passa na vida das pessoas, principalmente se elas o escarrapacharem na internet. Já vi coisas que me viraram os estômago do avesso mas como nós gostamos é de ter pena de nós próprios voltamos lá sempre que podemos para mais uma sessão auto-flagelação.
Eu não tenho, claramente, uma visão isenta das coisas. Principalmente de pessoas que me metem asco e que conheço pouco e não sei que raio de satisfação mórbida me traz saber como funciona a cabeça dessas pessoas através do que escreve, do que posta, do que comenta.
Não sei definir bem o que isto é, se é o meu ego a ripostar, se é o meu orgulho, se ainda não me desliguei disto, se estou maluca da cabeça, não sei. Sei que, dado o que tenho visto, caramba...
Será que quando nós encontramos a pessoa certa é quando começamos a publicar fotografias aos beijos e declamar o nosso amor juntamente com letras de canções e vídeos das nossas bandas preferidas? Será que é isso? Ou as pessoas podem passar uma relação inteira a fingir que são uma coisa e depois revelam-se quando encontrar um par igual?
Até que ponto a culpa é minha? Eu sempre fui honesta e igual a mim própria mas será que dei a oportunidade de deixar que o meu par pudesse ser ele próprio? Não acho que eu tenha sido essa pessoa, sempre fui a primeira a ceder em tudo... O que raio explica um comportamento destes?
Talvez isto seja tudo legítimo, talvez seja show-off. Quando é que chega o turning point? Quem raio preciso eu de assassinar para recuperar o meu desprezo geral pelos outros? Ai as saudades que eu tenho de ser só eu e mais ninguém...

11 comentários:

MC disse...

Foda-se!

Podia ter acabado de escrever esta merda!!!
De uma forma bem mais basica, que eu sou muito fraquinho em talento literário...

As saudades que eu tenho de pensar muito menos...

Emma Bovary disse...

Acho que, ao fim e ao cabo, somos todos parte de uma seita que não é nada pequena... lol Com mais ou menos descrição os sentimentos acabam por ser todos os mesmos! É estranho não é? Será que é por fazermos parte de uma sociedade pré-concebida que, mesmo sendo diferentes, sentimos as mesmas coisas? Weird...

MC disse...

É engraçado este teu comentário pelas questões que colocas...

Eu acho que as pessoas encaixam num x numero de vidas padrão (não sei definir quantos serão porque nunca perdi muito tempo a tentar defini-los) mas os seus sentimentos, os seus objectivos, aquilo que procuram são muito parecidos...

Por isso, tantas vezes, se estiveres com atenção, consegues prever "o passo seguinte" de quem está ao teu lado...

Eu tinha acabado de satisfazer a minha curiosidade morbida e vim directo para aqui e dou com este texto... Foi uma chapada e tanto!
Não entendo também... Há 2 semanas que resistia... Não percebo esta vontade idiota de espetar agulhas nos olhos!!!!

O pior, Emma, é que eu acho que esta morbidez só passará quando o teu coração bater novamente e a tua cabeça estiver ocupada com outros olhos, outro sorriso... quando a tua mão sentir outra mão e puderes, tranquilamente mas com muita vontade, deitar a tua cabeça na barriga de alguém...

E este caminho, até lá chegar, é que é fodido!

Poetic Girl disse...

Eu acho que pertenço ao grupo que pensa demais... sente demais. e magoa-se demais... adorei o teu texto... já deu para ver que estou a ler o teu blog ao contrário... bjs

Emma Bovary disse...

Acho que é um traço comum feminino... lol

MC disse...

Não sei se "gosto" deste teu ultimo comentário...

:(

Vanessa disse...

sei que é dificil mas um conselho...nao vejas essas coisas na internet, porque enquanto uma pessoa ainda esta de certo modo magoada e afectada com algo, isso so vai piorar!*

Margaret disse...

querida emma... eu chamar-lhe-ia show off. chamar-lhe-ia entusiasmo inicial. chamar-lhe-ia querer acreditar que é assim tão fácil e que é apenas aquilo que há à vista para ver... ou chamar-lhe-ia imaturidade/infantilidade talvez. hastear numa bandeira que conseguimos ou temos algo não o faz mais especial, nem muito menos menospreza o que se teve antes. uma pessoa numa relação é uma coisa, noutra é outra. e faz parte das relações a desilusão. a culpa, quando se deu tudo e se foi espontâneo, verdadeiro em todos os momentos, não deveria fazer parte do repertório dos sentimentos que ficam :)

arrssousa. disse...

Faço das tuas palavras as minhas. Porra, tanta verdade junta.

Emma Bovary disse...

Miguel, como é óbvio, não era isso que eu queria dizer... lol

Vanessa, e eu não sei disso? O problema é seguir o exemplo...

Alguém+, eu sei que tens razão mas se eu fosse lógica, aliás, se todos fossemos lógicos ninguém sofria. Mas não penso dessa forma 24h por dia, nas restantes 23h penso que a vida é injusta e o mundo cruel. :)

arrssousa, bem-vinda. :)

Anónimo disse...

Emma, visito-te pela primeira vez, e devo dizer que, entre muitos, identifico-me particularmente com este teu texto (talvez também, porque tenho de acordar cedo amanhã e, como tal, só terei tempo de comentar um :P).

Quando discuto este assunto com outras pessoas, a minha tendência inclina-se mais para a teoria do show-off. Mas acho que faz sentido se pensarmos, por exemplo, numa reportagem sobre hábitos noctívagos dos adolescentes, mais especificamente sobre o seu comportamento nas discotecas. Li que passavam a noite com o telemóvel na mão a enviar mensagens. Estavam lá mas estavam com outros; mas também não estavam com os outros porque estavam lá. Estavam a meio caminho entre dois lados, estando em lado nenhum. Daí que talvez seja isso... Mais do que estar, por exemplo, numa relação a absorver a felicidade que ela tem para oferecer, estão em qualquer outro lado a dizer que estão numa relação espectacular e maravilhosa a absorver tudo o que uma relação tem para oferecer.

Realidade ou não, a verdade é que só se enganam a si próprios ;P

Um beijinho e uma boa noite!